sábado, 17 de setembro de 2016

Mensagens Em Garrafas

Muitas vezes eu me questiono: porque eu escrevo?

Sim, porque eu tenho este hábito de colocar os meus pensamentos, as minhas sensações, os meus sentimentos e as minhas ideias em palavras registradas física ou virtualmente?

Num primeiro instante eu não encontro respostas para esta pergunta. Porém, aprofundando-me mais nesta questão filosófica com a minha racionalidade eu encontro várias respostas.

Inicialmente, eu escrevo exatamente por causa disto: porque eu penso, porque eu tenho sensações, sentimentos e ideias.

Mas, isto todo humano ou a maioria deles também tem – eu digo para mim mesmo. OK, mas nem todos gostam de escrever, ou acham que não têm jeito pra coisa – eu mesmo me respondo.

Simples assim: como eu gosto de escrever, outros gostam de jogar futebol, praticar luta livre, cozinhar, cantar, pintar quadros, escalar montanhas, ..., e até falar mal da vida alheia. Obviamente, são inúmeras as opções. Felizmente! Pois assim cada um pode escolher aquela para a qual direcionar os seus pendores.

Voltando à questão propriamente dita, eu escrevo porque gosto de trabalhar com as palavras; eu gosto de ver as minhas ideias, os meus sentimentos, as minhas sensações e os meus pensamentos se materializarem perante os meus olhos; eu gosto de imaginar que, possivelmente, mesmo depois que eu me for os meus textos continuarão ‘vivos’, mesmo que, muito provavelmente, errantes dentro de alguma arca embolorada ou numa mídia ultrapassada com remotas possibilidades de recuperação do seu conteúdo; eu escrevo porque este ato ajuda a minha vida a ter mais sentido; eu escrevo porque gosto que as pessoas leiam os meus textos.

Nesta última resposta está embutido um outro questionamento recorrente: mas será que as pessoas se dão ao trabalho de ler o que eu escrevo? Será que, de alguma forma, os meus textos lhes proporcionam algum prazer ou algo de positivo? Bem, para estas perguntas eu definitivamente não encontro respostas, pelo menos enquanto este questionamento estiver restrito ao meu âmbito íntimo, comigo mesmo.

Mas eu devo realmente preocupar-me com isto?! Se as pessoas estão lendo-me ou não! Se elas estão gostando ou não! Se elas estão tirando proveito ou não! Bem, embora eu tenha o maior respeito pelo próximo - principalmente se este próximo estiver tão próximo a ponto de saber dos meus pensamentos, sensações, sentimentos e ideais - eu concluo que não. A minha preocupação e o meu foco devem estar voltados para o meu aperfeiçoamento nesta prática. Os objetos dos questionamentos iniciais deste parágrafo serão conseqüências naturais do processo.

Assim, eu procuro encarar esta minha prática como um náufrago isolado em uma ilha deserta, que envia os seus pedidos de socorro em mensagens escritas e colocadas dentro de garrafas – obviamente, desde que nesta ilha deserta haja garrafas, algo com que escrever e algo aonde escrever e que este 'onde' caiba na garrafa – que são lançadas ao mar, na esperança de que em algum lugar, nas linhas do tempo e do espaço, alguém os leia.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

O Número da Vergonha

É interessante perceber que um número que outrora foi motivo de muito orgulho para milhões de brasileiros, inclusive para mim - por um tempo bem curto, é bem verdade, mas foi! - agora é o número da vergonha.

Percebe-se nas propagandas eleitorais deste ano a tentativa de se ocultar, o máximo, a dezena "13" nas composições dos números dos candidatos a vereadores (quanto à legenda, nem se fala!).

Por exemplo, uma candidata cujo o número era 13455 (ou algo parecido), em sua propaganda, na tela este número aparecia com o 1 destacado na cor branca e o resto em amarelo. Na hora de dizer o número ela citava "um, trinta e quatro, cinquenta e cinco". Em outras épocas, ela inflaria o peito para dizer "TREZE, quatro, cinco, cinco).

Não digo isto com satisfação!

O digo com muita tristeza: primeiramente, pelo grande mal que este partido tem feito ao nosso país, desde a sua fundação; em segundo lugar e por último, por mim e por outros milhares - talvez milhões - de cidadãos brasileiros, que tiveram os seus sonhos destruídos por esta turma.

Lembro-me com melancolia, quando no início do ano de 1980, eu com 22 anos de idade e, até então, sem nenhuma ligação com qualquer representatividade política, ao saber da criação do Partido dos Trabalhadores e da forma como ele estava surgindo, senti uma forte onda emotiva tomar o meu ser e estufei o meu peito com o seguinte pensamento:

"Partido dos Trabalhadores, eu sou e sempre serei um trabalhador, então este é o meu partido!, é o partido que me representa!".

Doce ilusão! Pouco mais de uma década depois, ao tomar conhecimento das suas primeiras (pelo menos para mim) falcatruas, eu já percebi que não!, tal partido não me representava, de forma alguma! Peguei a estrela, que sempre carregava no lado esquerdo do meu peito, e com o coração partido (perdoem o trocadilho), a atirei no lixo. Voltei a ser o que sempre havia sido antes: mais um, entre tantos, cidadão brasileiro sem representatividade nas esferas políticas.

Mas, nem nos meus piores pesadelos, eu imaginaria que chegaria ao ponto em que chegou nos dias atuais.